quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Saudade dos tempos...

Desde que o João nasceu, venho me sentindo culpada por sentir falta de muitas coisas que, hoje, já não posso mais me dar ao luxo de fazer (ou não fazer!).
Agora percebi que não amo mais, ou menos o João por sentir falta dessas coisas, mas é tudo uma questão de adaptação.
Como sinto falta do tempo em que meu tempo era meu e de mais ninguém. Eu planejava o que ia fazer, sem ter que pensar na hora que o João dorme, acorda, ou come. Sinto falta de ter vontade de fazer alguma coisa e, simplesmente, fazê-la. Agora eu preciso me programar, ver se os horários do João batem com os meus, envolve toda uma logística que, confesso, me da uma preguiça e me prende em casa.
Sinto falta da minha privacidade, do tempo em que poderia ser grossa, sem pensar duas vezes. Agora, por depender da ajuda das outras pessoas sempre repenso antes de falar qualquer coisa. Afinal, amanhã posso precisar da pessoa, né?
Sinto falta de dormir a hora que quero e dormir a hora que quero. Agora tenho que conciliar os horários do João com os meus. Não posso dormir muito depois dele, já que não poderei acordar muito depois dele.
Saudade do tempo que não tinha que aturar quem sabe mais que eu. É incrível que, quando o assunto é criança, tem sempre um que sabe mais que você e quer te dar uma aula sobre o assunto (mesmo sem experiência alguma de fato)
Saudade da casa vazia, da cabeça vazia, da vida vazia. João me enche de alegria, mas as pessoas enchem minha paciência.
O importante é: pelo João aprendi, na marra, a suportar essas coisas, mesmo que isso tenha me custado algumas lágrimas de saudade trancada no quarto, sem ninguém ver.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Obrigada, João!

Nunca achei que teria que agradecer tanto ao meu filhote, tanta coisa que aprendi em tão pouco tempo.
Obrigada João por me mostrar o que é o tal do amor incondicional.
Obrigada por me fazer sentir útil e importante pra alguém, pelos sorrisos toda vez que eu chego em casa.
Pela confiança de dormir nos meus braços
Pela vivência de novas descobertas do seu lado.
Pelo juízo, doses cavalares de paciência, foco e objetivos de vida que me trouxe.Sem você, minha vida continuaria fútil e sem perspectivas.
Obrigada pela força de vontade de concluir todos os projetos inacabados da minha vida.
Pelo sopro de esperança. Afinal, agora com você tudo começou a dar certo, mesmo quando parecia que ia dar tudo errado.
Obrigada por me fazer sentir que não posso emagrecer. Caso contrário, onde sua cabeça repousaria todos os dias pra dormir? Não mais na minha barriga.
Obrigada por me fazer sentir divertida, suas gargalhadas iluminam meu dia.
Obrigada por fazer de mim sua referência. É incrível perceber como me procura no meio de uma sala cheia.
Obrigada por ter nascido assim e, melhor ainda, meu!
Ah, meu filhote... Te amo e obrigada!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Celebridade em Minha Casa


Andar por ai com uma criança já é engraçado. A quantidade de pessoas que olham com aquele olhar de “ai, que gracinha!” ou aquele risinho de canto de boca, um olhar terno...
Andar por ai com o João é diversão garantida. Não é porque é meu filho não, mas o menino é a personificação da simpatia. As pessoas olham por mais de 2 segundos e ele abre um sorrisão sem dentes que deixa até o mais durão todo bobão.
Não é difícil presenciar a cena: estou parada em algum lugar com ele no carrinho, numa fila, por exemplo. De repente vem um e mexe com ele. Ele ri. Depois essa mesma pessoa chama a atenção de quem estiver junto com ela “Olha Fulana, que bonitinho. Ele riu!” Ai a Fulana olha e solta um: “ Ai, q coisa mais linda!”. Quem está perto ouve e vai ver e em menos de 3 minutos tem várias pessoas debruçadas no carrinho, falando, olhando, apertando seu filho e você meio sem graça, agradecendo os elogios.
Pior ainda, eu andando, cheia de pressa, com o João no carrinho quando as pessoas começam a olhar e mexer com ele. Ai bate a dúvida: paro e dou papo? Saio correndo, fingindo que não ouço, ou simplesmente respondo “brigada, fui eu q fiz e foi bem feitinho, né?!” e saio andando.
Depois de quase cinco meses saindo com ele, percebi que, para chegar pontualmente nos lugares, tenho que sair mais cedo de casa, já contando com os admiradores do João espalhados pelo meio do caminho.
Além de simpático, o danado já é paquerador. Outro dia numa loja que só tinha vendedoras mulheres, ele sorriu para todas. Quando vinha um homem ele fechava a cara um pouco e depois ria. Mas quando ele avistou a menina que estava no caixa, a mais bonita da loja, ele gargalhava. Quando ela não olhava, ele mexia com ela fazendo barulhos, gritando. Era ela olhar pro o João e o danado se abrir todo. Precisa dizer que foi a sensação da loja? O pior é que ele faz isso e quem fica com vergonha sou eu. Nunca sei o que responder desses elogios que fazem. Nunca sei se tento fazer com que ele pare, ou deixo continuar.
Se tudo continuar nesse ritmo, terei uma celebridade em casa. Acho melhor começar a me preparar para lidar com jornalistas a paparazzi. Já imaginou a cena?
Carisma e beleza ele já mostrou que tem desde pequenininho. E isso não é porque sou mãe coruja, ok?! Acho que é genético.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Episódio do Coco


Eram 5:20 da manhã e o silêncio da madrugada se quebrou com uma gargalhada vinda do berço.
Eu acordei achando aquilo estranho, afinal, há menos de uma hora ele tinha acordado para mamar. Por que diabos ele estava acordado de novo? Por que raios ele estaria rindo? Será que ele acordou, está sem sono? Meu dia vai começar às 5:20 da matina? Ai seria abusar demais do meu bom humor matinal (quase noturno pela hora) e do meu corpinho cansado.
Com um certo receio, cheguei perto do berço. Estava meio escuro, não acendi nenhuma luz, com medo que isso o despertasse mais ainda. Quando olho lá pra dentro, vejo meu filho rolando de um lado pro outro, rindo. Achei a cena fofa. Ele me viu e abriu mais um sorrisão, que poderia ser facilmente interpretado como um “vem brincar comigo, mãe!”
Tomada por uma ternura sem fim, misturada a um sono absurdo, pensei: vou pegá-lo no colo pra fazer com que ele durma. Peguei no colo e, ao tentar niná-lo, senti uma coisa meio úmida nos meus braços, logo depois veio um cheiro de cheetos. Só deu tempo de pensar: puuuutz, ele não estava rolando no coco. Acendi a luz e não deu outra: era coco até a alma. Meu braço estava todo cagado, meu pijama, o pijama dele, o lençol do berço dele, tirei a fralda dele e só faltou esguichar coco...
Quando eu digo que mãe padece, é isso: cinco da manhã, eu lavando bunda de criança, trocando lençol d berço, me limpando toda e brigando com o sono.Cenas assim se tornaram tão comuns.
E no dia seguinte ainda tinha que estar linda, loira e descansada, no melhor estilo Mamãe delícia.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mamãe Delícia


Se existe uma coisa que se faz quando se é mãe é pagar a língua.
Sempre disse que achava horrível essas mulheres que botam o peito pra fora em qualquer lugar para amamentar, mas foi só meu filho abrir o berreiro de fome no meio da rua, que lá estava eu, no cantinho, com o peitinho de fora, enquanto ele mamava.
Outra coisa que sempre critiquei eram as mulheres desleixadas que saiam com a alça do sutiã, enorme diga-se de passagem, aparecendo. Nos primeiros dias, ainda tinha um certo cuidado, mas chega uma hora que você, ou fica neurótica com as alças que insistem em aparecer justamente pela largura, ou relaxa e paga um sutiãzinho de leve.
Ser mãe e ser mulher parecem coisas incompatíveis. Ou você é vaidosa e prejudica o bebê, ou fica desleixada e vira mãe de uma vez por todas.
É o perfume que você não pode usar, o hidratante que não pode passar, o cabelo que não pode pintar, o sol que não pode pegar, a maldita cinta que você não pode tirar. Isso sem contar as olheiras por ter que acordar diversas vezes durante a noite, o cheiro de leite que exala de você (todos juram que não sentem esse cheiro, mas ele existe e bem forte.), as unhas que já não podem ser tão compridas para não arranhar o bebê, a limitação nas roupas, porque tem roupa que fica impossível para amamentar o filhote e a depilação na axila que você faz com medo porque dizem que isso pode empedrar o leite. E quando seu filhote resolve golfar em você? Aquele cheiro de leite azedo impregnado em você. Pior ainda é quando ele resolve golfar e escapa alguma coisa no seu cabelo... É mexer a cabeça e o cheiro subir.
Tem horas que você até faz umas estripulias, tira a cinta, passa um hidratante, pega um solzinho de leve, mas a dor na consciência é tão grande, que você acaba nem curtindo o que está fazendo. Maldita culpa!
Admiro as Cládias Leitte que existem por ai. Um mês de parida com a barriga sarada, linda, loira, escovada e perfumada (ok, não sei se estava mesmo, mas quem tem a barriga sarada em tão pouco tempo, usar perfume é nada!)
Por isso que, de agora em diante, mesmo com uma raiz de cabelo enooorme, a pele com cheiro de leite, as unhas curtas (mas feitas) e uma cinta maldita que me aperta a barriga, me auto declarei a mamãe delícia. Porque aturar todas as mudanças que a maternidade trouxe – físicas, psicológicas e hormonais- com bom humor, paciência e uma certa vaidade não é pra todas. Claudia Leitte que me aguarde!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mulher Maravilha



Ter filho nas condições normais de papai, mamãe, filhinho já não é tarefa das mais fáceis. Ser mãe solteira, então... Tarefa mais difícil ainda.
Mesmo contando com todo o suporte da família, dos amigos e do pai do bebê, tem horas que somos só eu meu filhote.
Dia desses passei por um dos muitos testes que a vida ainda vai me pregar: eu, que desde que o João nasceu, não fiquei mais de 4 horas sozinha com ele, fui de ônibus de Cabo Frio para o Rio. Só nós dois e todos que se mobilizaram para me ajudar. Afinal, era carrinho, mala, bolsa, bolsa de mão, bolsinha do João e o João para carregar. Eu acho que, junto com a criança, deveriam nascer mais braços nas mães. É sempre assim: você consegue arrumar tudo nos braços, tudo encaixadinho, é só pegar o bebê no colo e, de repente... cai a chupeta e você está sozinha. Larga tudo no chão, pra poder abaixar e pegá-la do chão, depois cata tudo de novo.
Mas voltando à viagem. Eram 2 horas e meia no ônibus, mais dois dias inteirinhos sozinha com o João. Preciso dizer que não consegui dormir direito na noite anterior, tamanho o nervosismo?
A ida pra rodoviária foi molezinha, carona da minha mãe, tudo na mala, ela carregando o João até o ônibus e eu as malas (que foram devidamente reduzidas, mas ainda assim faziam um certo volume). A aventura começou no ônibus. Peguei a poltrona do corredor, tava meio desajeitada com o João, que pra completar tudo resolveu golfar com gosto a roupa dele e a minha. Imagina limpar uma criança inteira equilibrando ela em uma das pernas, enquanto você tira seu casaco pra o cheiro de leite azedo não empestear o ambiente inteiro. Logo depois o passageiro do meu lado, na poltrona da janela, chega e vendo minha situação ridícula, cede seu lugar na janela, poltrona maior e mais espaço, para a pobre mãe desajeitada.
Meu filho, simpático e exibido que é, resolve então interagir com o solícito senhor ao nosso lado: o cutucava com os pés e quando o senhor olhava, ele ria com toda a sua cara de safado. Nesse momento eu não sabia onde enfiar minha cara.
Ao chegarmos no Rio, descendo do ônibus, o bondoso senhor ao meu lado, resolveu interromper o fluxo de passageiros que estavam no corredor, esperando para descer de uma maneira bem discreta: aos berros “Só um minutinho que a senhora vai sair com o neném ai, ó! Vâmo esperando ai, ó!” Vexame???? Total!
Passados os perrengues do ônibus, chegamos na rodoviária do Rio. Ninguém me esperando pra ajudar a carregar a tralha e ainda tinha um carrinho a ser retirado do bagageiro pra armar. Tudo isso com uma criança no colo. Não sabia da habilidade que tinha para o malabarismo. Fomos até o taxi e o maldito taxista fazendo corpo mole me fez desmontar o carrinho colocar as malas no carro e carregar a criança.
Bom, depois desse teste de resistência, posso dizer que os dois dias sozinha com ele serviram para certificar o que já sabia: sou mãe e a partir de agora consigo passar pelos maiores perrengues sem grandes danos. Não nasceram os dois braços que queria, mas consigo dar um jeitinho para resolver as situações. Virei a Mulher Maravilha, ou melhor dizendo, virei a Mamãe Maravilha!

domingo, 4 de abril de 2010

Ele nasceu


Quando meu filho nasceu, passou tudo pela minha cabeça: fudeu! O que eu faço agora? Ai meu Deus, preciso recuperar logo a forma. Será que vou perder noites de sono? Como será que estarei daqui a dez anos? Será que ele vai dar muito trabalho? Como deve ser a responsabilidade de educar alguém? Céus, tenho alguém que depende integralmente de mim.
A ficha não caiu até o momento em que aquela bolotinha careca veio pros meus braços, chorando, olhando pra mim. Tão lindo, tão frágil, tão indefeso, tão... meu! Pela primeira vez na vida senti que nunca mais estaria sozinha, que aquele vazio, que às vezes tomava conta de mim, nunca mais vai existir. Pela primeira vez me senti completamente responsável.
Foi uma época complicada, até que me acostumasse com a nova vida, nova rotina, nova forma física e nova condição - a de mãe - foi tudo muito difícil. Coisas simples foram complicadas, relações amistosas se tornaram cheias de raiva. O carinho de quem me cercou foi fundamental. Durante semanas eu me questionava porque isso aconteceu comigo. Pedia aos gritos pela minha vida fútil de volta. Como era bom trabalhar para pagar minhas saídinhas e cervejinhas. Como era bom não ter que me preocupar com a hora que chegava em casa, ou se tinha alguém me esperando. Como era bom ir pra faculdade sem a pressão de ter que me formar logo e achar um bom emprego pra ontem!
Me adaptar não foi tarefa fácil e me aturar nessa época menos ainda. Como serei eternamente grata a quem conseguiu esse feito.
Consegui me adaptar e perceber que não perdi nada, só ganhei.
Não tem preço ver o sorriso dele quando me olha, não tem preço ouvir suas gargalhadas, ouvir sua conversa desencontrada todas as manhãs. Não tem preço me ver refletida nos seus olhos. Não tem preço olhar para aquele serzinho indefeso e ver aqueles olhinhos se apertando de tanto que ri. Não tem preço quando ele segura minha mão, parecendo que pede ajuda. Não tem preço quando numa sala cheia de gente seu olhar me procura e se acalma quando me acha. Não tem preço quando começo a falar e ele procura pela minha voz.
Ganhei um filho, um amor pra vida toda, senso de responsabilidade e um carinho incondicional. Ganhei também o poder de compreender as mães. Agora tanta coisa que miha mãe dizia faz sentido.
Ganhei um filho!